segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Sobre coerência de discurso


Essa semana o Drink saiu na noite com a intenção de julgar o Bar Itinerante do Arlindo, reduto da boemia alencarina que atualmente tem sua sede localizada atrás de um inóspita rua paralela à Avenida Aguanambi. Afora a incoerência do estabelicimento estar localizado nas proximidades da sede da AMC, não existe nenhum outro aspecto digno de comentários no local, seja pro bem, seja pro mal. Seu grande diferencial era o Quiz que rolava toda quarta-feira na sua sede anterior (Rua Joaquim Nabuco quase esquina com Avenida Antônio Sales), mas com a mudança de vizinhança, a noite mais animada no meio do meio da semana acabou rodando.

O público é quase o mesmo do Toca do Plácido. Quitutes e bebidas não tem nada que chame muita atenção, tudo geladinho e certinho demais. Uma pracinha na frente do local completa o cenário clichê porém agradável. Devido a evidente falta de assunto a equipe do Drink desviou imediatamente o foco, deixando de lado o resumão. 

Sem comentários... pro bem ou pro mal...
 Como estamos sempre atenados com os assuntos mais polêmicos do momento e com a lembrança auxiliada por um transeunte que portava em seu veículo um paredão de som com o volume a toda altura, resolvemos discutir o movimento #baixeosompiroquinha, a nova cafonice de Fortaleza. A hastag foi criada no microblog twitter em apoio ao projeto de lei do vereador Guilherme Sampaio do PT, que tem o objetivo de proibir o uso dos tais paredões salvo algumas exceções.

Já de começo o Drink fala: somos 100% contra o paredão de som, enche o saco, é desrespeitoso, gera poluição sonora etc. Mas a questão a ser levantada não é essa!


Isso aqui ô ô... é um pouquinho de Brasil ia ia...
O assunto que o Drink traz pra roda é: não seria preconceituoso e discriminatório proibir essa manifestação cultural típica na nossa Cidade? Não seria o cafuçu dono do paredão um de nossos novos personagens típicos, talvez o nosso novo vaqueiro? Não seria o ritual de tomar todas num copo plástico tirando gelo do isopor um novo patrimônio imaterial a ser tombado?

O velho e o novo personagem. Distintos na essência, mas não menos icônicos.

Meus caros, a cultura não tem que agradar a todos e nem a maioria. A cultura nem sempre é agradável e bonita. Mas a cultura conta uma história e é retrato de uma época. Então não seria responsável preservá-la? Quem tem a autoridade de julgar o que é bom, o que é ruim e o que é descartável? Vejam bem, não estamos tratando somente da música tocada e de seu volume, estamos tratando da totalidade do ritual. O Drink acha bela a dança da capoeira mas o som do berimbau a gente considera tão irritante quanto o paredão de som.

O que a morena de flor na cabeça, a mulata de saia rodada, o universitário barbudo e a branquela de meia-calça não enxergam é que querendo ou não o cafuçu já é definitivamente um personagem da cultura regional e portanto, pelo menos teoricamente, seus rituais devem ser preservados e defendidos pelas nossas instituições culturais.

As Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda não são só sobre o Brasil das Sandras, das Clarahs e das Janaínas
O carnaval vem chegando ai com muito samba e marchinhas no Rio, muito axé em Salvador e muito neo-forró em Morro Branco. Defender o fim do paredão é defender uma homogeineização cultural. O paredão está mais na nossa raiz que o o Festival de Jazz de Guaramiranga.

O Drink meio que não põe questões e movimentos culturais em nenhum pedestal. O mundo muda assim como os gostos e as cores se transformam. 

Nosso objetivo aqui é libertar a população de qualquer discurso politicamente correto. O que queremos é além de poder falar mal sem culpa do paredão de som, é poder falar mal da capoeira, do maracatu, do jazz, do chorinho, do candomblé, do são joão, da romaria, da dança da chuva... 

Se quiser. 

Se achar necessário. 

Se não gostar.

 Sem culpa de parecer ridículo.

Sem precisar temer ser repreendido pelo seu colega do CH2. 

Liberdade!

Mayra Vasconcelos.

37 comentários:

Anônimo disse...

Apoiada, Mayra!

jana disse...

O vaqueiro tb é um cafuçu. fato.

John Holmes disse...

Quem era que dizia que apesar de não concordar com o ponto de vista de fulano, defenderia até a morte o direito do outro de expressá-lo? Pois é, Mayra. Gostei do texto e acredito, assim como você, que todas as manifestações populares devam ser preservadas, ou ao menos registradas. A pluralidade é o que nos torna tão instigantes. Além do quê, se não fossem as maiorias esmagadoras, o que seriam das minorias elitistas? Bem, meu ponto principal é que, apesar de não gostar das músicas que tocam nos paredões ou do lifestyle das pessoas que os curtem, não tenho problema nenhum com eles, desde que eles aceitem a pluralidade cultural e não tentem impôr desrespeitosamente com o alto volume de seus paredões suas preferências culturais. Como diz meu pai: "Filho, se o povo quer merda, merda no povo!". Mas espere eu sair de perto, OK? Se eu acreditasse que os donos de paredões de som teriam um pouco de respeito com terceiros, nunca apoiaria a causa do #baixaosompiroquinha. Mas como os casos de desrespeito são proporcionais ao tamanho da aparelhagem (e inversamente proporcional à qualidade das músicas, ao tamanho do bilau e do cérebro), apoio com muito gosto a campanha. Me comprometo a trocar os paredões de som por fones de ouvido (de brinde um CD do Charlie Parker, autografado, por mim). Anyway, i love cafuçu com paredão de som. Bem longe de mim.

Anônimo disse...

que conversa politizada é essa. cade os boys

Anônimo disse...

informando ao Drink que agora o cantor de Felipão é um cantor gospel, e estará gravando seu mais novo DVD na próxima quinta-feira, em local que desconheço...

Anônimo disse...

Por que o John da autografo no cd do Charlie Parker?

Sandra disse...

Olá Jana,
Discordo.O vaqueiro não é um cafuçu, mas sim o avô dele.

tereza disse...

Louvre ser tagueado como interessante é muita generosidade do drink.
Aquilo ali é culto à cafonice, a começar pelo nome. Coisa de bicha que quer fazer a phynna à fórceps.

Anônimo disse...

drink!!!! arrasou, amiga! hahahaha!

DRINK cas'AMIGA disse...

O Drink ainda não visitou o Louvre para avaliação, mas de qulaquer forma adianta que também acha cafona!

Andréa Saraiva disse...

Opa, hashtag #baixeosompiroquinha não foi criada para defender a lei do paredão. Apenas a apoiou. Foi e é absolutamente espontâneo.

Vi muitos equívocos e deturpação sobre cultura popular e o suposto "cafuçu" do paredão ser o novo vaqueiro.

Não misturem cultura popular com mainstream. Cultura (e gosto e civilidade) podem ser construídos também.

Um abraço,
Andréa Saraiva

Groucho KCarão disse...

Apesar de achar que a capoeira, o vaqueiro ou o candomblé não necessariamente desrespeitem a individualidade dos demais - o que ocorre no caso do paredão - gostei muito desse texto! Manifestações do povão são sempre vistas de cima, tratadas pejorativamente, principalmente se não tiverem origem lá fora, se não forem rock, jazz e blues, por exemplo. Mas também concordo que não dá pra confundir cultura legitimamente popular com o "mainstream" citado, ou seja, os produtos da indústria cultural - onde se inclui também o festival de Guaramiranga e afins.

Lady Gogó disse...

Mesmo morando no interior, cujos fortalezenses subestimam, sempre achei esse negócio de barulheira coisa de gente subdesenvolvida.

Davi disse...

Creio que comparar a Lei do Paredão com a Lei Antifumo faria mais sentido do que as outras comparações feitas no post. O cigarro já foi um ícone cultural em décadas passadas, mas deixou de ser por um motivo. Há de se estabelecer limites para que a convivência em sociedade funcione.

Aline Livro Técnico disse...

Não misturem cultura popular com mainstream. Cultura (e gosto e civilidade) podem ser construídos também.
Andréa Saraiva

Família, Tradição e Propriedade mandaram lembranças

Frido disse...

Sem nada de inteligente pra comentar! Mas, Paredão de som nas alturas não é manifestação cultural. De um ponto de vista seco... É uma questão tanto de saúde, quanto ambiental. E o importante é a evolução do homem em sociedade para o seu bem estar comum, livre e saudável... Paredão com o som que for, forró, rock, funk, vai contra isso... É mais ou menos por ai... Talvez...

Zé de Toinha disse...

Que texto cretino! Comparar vaqueiro com playboy de paredão!! Que indigencia intelectual é essa,meu deus? Quer dizer que o espaço urbano tem que ser um prolongamento do sertão? Quer dizer que numa cidade devemos ter o mesmo comportamento e simbologia social de uma vila do interior? Quer dizer que estaremos sempre condenados a aguentar esses matutos motorizados e seus brinquedos barulhentos? Vaqueiro é um trabalhador enquanto playboy de paredão é um desocupado! Quanta coerencia e discernimento! Quanta objetividade, meu deus!!!Dizer que a agressão sonora de um bando de matutos deslumbrados é expressão cultural parece coisa de sociólogo de mesa de bar que inventa teorias e teses que não dizem absolutamente NADA. Vá procurar alguma coisa útil para fazer ou então volte lá para a sua cidadezinha do interior movida a quermesse e paredão em alto volume!

DRINK cas'AMIGA disse...

O drink lamenta que o Zé de Toinha e o Frido não tenham entendido o texto. Gente não tenta complicar o que é tão simples.

Groucho KCarão disse...

Esse último comentário fascistóide foi muito sem-noção. Apesar de discordar das comparações do post, acho que foi provocativamente bom e corajoso. Além do mais, algumas pessoas tão se prendendo a detalhes, não percebendo a questão por trás [embate entre cultura a ser preservada e modificação de hábitos]. O povo tem que ler as coisas de cabeça fria! xD
Mas admito que não entendi essa do "Trabalho, Família e Propriedade".

Groucho KCarão disse...

Acho que o Frido entendeu. O Zé de Toinha é que tinha uma suástica vendando os olhos! xD

DRINK cas'AMIGA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Zé de Toinha!
Abra a sua mente. Playboy também é gente.

Anônimo disse...

Sinceramente, não entro nem no mérito da teoria 'playboy do paredão é o novo vaqueiro'. A pessoa que escreveu esse post certamente DESCONHECE o que é ser não apenas INCOMODADO por um paredão de som, mas EXPULSO do lugar onde você mora, simplesmente porque HABITAR O LUGAR EM QUESTÃO tornou-se impraticável, em razão de um 'playboy do paredão' bater ponto religiosamente lá, de terça a domingo, sem hora pra levar a tralha barulhenta pra casa. EU PASSEI POR ISSO e pude comprovar, não sem indignação, revolta e muito choro e ranger de dentes, a INOPERÂNCIA DA POLÍCIA, SEMACE E DEMAIS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS. Tive que recindir contrato de aluguel, pagar multa e procurar outro lugar pra morar, porque a querida 'nova personagem da cultura popular cearense' é que não se daria o trabalho, né? Vale a pena mencionar que eu morava na ALDEOTA, tá? Mal posso imaginar o que os cidadãos da periferia não devem passar. Bem, fica o desabafo de alguém QUE SABE DO QUE ESTÁ FALANDO. E né? Se eu der mais uma passeada pelo blog (esse foi o primeiro post que li) e não gostar, vou ali em cima ao lado direito e clico no 'x'.
Aquele abraço,
Clara.

DRINK cas'AMIGA disse...

O drink ODEIA O PAREDÃO!!! Se vc vai ler é bom ler o post todo. Gente que lê as coisas pela metade e depois vem falar besteria! O post á sobre outro assunto!

Vem beber com o drink!

Rubinho Martins disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rubinho Martins disse...

Como assim raízes? Alguém nasce com os pés grudados na terra? Os piroquinhas em cima de seus paredões tocando música insuportável podem ser raízes de quem quer que os aguente, mas pessoalmente me identifico 2.547 vezes mais com o rock clássico e o blues, por exemplo, e não me envergonho nem um pingo por não me comportar como vegetal preso a raízes. Não limito meu horizonte musical e cultural a fronteiras geográficas. Sorte a minha!

Emma Z. disse...

Bom, a questão não é entender ou não entender que o Drink é contra o paredão, porque isto foi dito na literalidade: "somos 100% contra o paredão de som, enche o saco, é desrespeitoso, gera poluição sonora etc". Acho que o povo simplesmente não lê, ou ao mesmo tempo que vai lendo vai deletando da cabeça o que leu antes.

E ah, como assim "família tradição e propriedade"??? Isso me lembrou aqueles motes populistas ultra conservadores e autoritários que, infelizmente, já estiveram presentes na história do país.

Amanda disse...

Palmas para o colega que não é um vegetal, pois gosta de rock clássico e blues!
Arrazou em seu comentário.

Xisberto disse...

Pouca gente entendeu o post, e o Drink também parece não ter entendido a proposta da lei.

A lei não proibiu simplesmente o paredão, apenas regularizou o limite. O paredão não pode estar em local público ou em local privado de acesso público (como postos de gasolina), mas em locais privados fechados, ele será permitido.

Mais ou menos como aconteceu com a mudança do Fortal para a Cidade Fortal.

Rubinho Martins disse...

Ou seja: a lei simplesmente "choveu no molhado", porque barulho intenso em locais públicos é proibido desde os tempos do Império.

Anônimo disse...

eu adoru paredao. nao intende essi post

DRINK cas'AMIGA disse...

O drink entendeu perfeitamente a lei. o que não foi dito aqui foi que a lei além de outras exeçoes como citou o xisberto também libera em certa medida a utilização do paredão em certos limites para manifestações sindicais e religiosas. Isso é uma grande piada já que esse tipo de manifestação irrita tão ou mais do que o forró nas alturas. Se é pra fazer a lei (que com todas as letras digo, o drink apoia) é pra fazer direito. proibindo tudo.

Anônimo disse...

Proibir pq? não adianta proibir se não tiver quem fiscalize e faça cumprir a proibição.
Que eu saiba, a lei do silêncio já proibia som acima de "tantos" decibéis de acordo com as horas do dia. Se a lei do silêncio fosse aplicada nós não teríamos tantos problemas com os paredões.

Anônimo disse...

acho essa lei do paredão um grande ato de marketing político.

fútil e útil disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
cynthia disse...

xenti! eu acho que todo mundo devia era tá empenhado em descobrir onde o felipão (ex-forró moral) vai gravar o DVD gospel pra ter a resenha do show aqui no drink

Amiga disse...

Boa cynthia!